VEM AÍ A REPÚBLICA...

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Estreia 9 de Outubro, sábado, 21h45, Teatro da Vilarinha


Chegou em 5 de Outubro de 1910 mas estava iminente desde 31 de Janeiro de 1891.
Vem aí a República
... traz até aos nossos dias, através de uma montagem de textos, as vozes republicanas que há 100 anos acreditaram ser possível um Portugal diferente e melhor. Vozes de homens como Guerra Junqueiro, Gomes Leal, António Patrício, Alberto Osório de Castro, Miguel Unamuno, e de mulheres que fizeram do ideal feminista uma causa sem precedentes no País, como Ana de Castro Osório e Maria Velleda. Para maiores de 12 anos.

O espectáculo tem encenação de João Luiz, que seleccionou e organizou os textos, e cenografia de João Calvário e Rui Azevedo. Em palco estarão Rui Spranger e Patrícia Queirós, com figurinos de Susanne Rösler. Pedro Junqueira Maia compõe a música e Rui Damas desenha a luz.

Vem aí a República... é o contributo do Pé de Vento para o conhecimento do que foram as lutas pelos ideais republicanos, que, no Porto, começaram muito antes, com o 31 de Janeiro de 1891. Provam-no os jornais da época, reclamando igualdade, solidariedade e fraternidade e criticando mordazmente uma monarquia de costas viradas para os portugueses, menos de cinco milhões maioritariamente pobres e analfabetos.
“Para bem do seu povo um rei, segundo o estilo,/deve dormir a sesta… e bem fazer o chilo./Que importa que um país falto de capitais/empenhe as possessões todas coloniais?” O sarcasmo era uma arma. “E, sendo iníquo, enfim, uns rirem na opulência,/outros apodrecer num cárcere corrupto…/eu ergo, ó rei! a voz ante a vossa clemência,/e em nome da Equidade, em nome da Coerência.”
“Que o porco esmague o lodo, é natural. O que é inaudito é que o ventre dum porco esmague uma nação, e dez arrobas de sebo achatem quatro milhões de almas! Que ignomínia! Basta. Viva a república, viva Portugal!” Em prosa ou poesia, eram homens que assim escreviam.
Às mulheres cabia um outro discurso. “Quando se fala no sufrágio feminino em Portugal, objectam-nos ‘que não está nos nossos costumes.” É o espírito da rotina que fala. Também a República não está nos nossos costumes e há-de ser um facto, dependente apenas de uma simples questão de tempo.”
Foi uma questão de muito pouco tempo, aliás. “Mas será tudo isto um sonho? (…) Será motivo para depormos as armas e repousarmos enfim?”

Vem aí a República... estará em cena no Teatro da Vilarinha de 6 a 29 de Outubro, sábados às 21h45 e domingos às 16h00. De 3ª a 6ª feira há sessões às 11h00 e 15h00, reservadas ao público escolar, mediante marcação.
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